quinta-feira, 8 de abril de 2010

A dor de uma saudade...




Saudade é uma fonte inesgotável que alguém depositou no coração de outro ser, alguém deixou carinho, amor, atitudes de amigo, compreensão, entendimento, entusiasmo, brandura, quietude, envolvimento, preencheu espaços vazios ou ainda nunca explorados, fortaleceu a ligação do físico com o espiritual pois engrandeceu a força vivente que estava adormecida e inerte. Um dia alguém, de repente, precisou partir, sem aviso, sem despedida, saiu de cena, partiu da matéria física e se transformou em foco de luz. Uma luz de diversas dimensões conforme sua evolução, conforme sua sabedoria, não levou nenhum bem material, não levou nenhum documento para passagem, não levou nenhuma foto ou lembrança física para colocar na prateleira. Mas de modo significativo deixou marcas profundas em quem ficou, deixou rastros de pensamentos, gestos e carinhos. Deixou a saudade de forma encaixada e definitiva na prateleira mais alta do coração de quem ficou e sabem qual o motivo desta saudade que, embora perfeita, iluminada e vivaz, provoca dor e queima sempre todos os dias?

Porque quem ficou lembra e vive os momentos de alegria e plenitude que o ser amado depositou em seu coração. Não lamente a distância da saudade, não despreze a ligação infinita que uniu estas duas ou mais almas, pois quem partiu terá o seu coração na sua prateleira e jamais esquecerá da sua imagem que provocou a mesma lição de amor e beleza aonde estiver.

A força da saudade quando iluminada por entendimento, aos poucos transformará a dor que queima em amor que exalta a alma sem precedentes. Em amizade que nutre e se transforma em fonte colorida de desejos e sonhos para o dia seguinte. Quem partiu e deixou rastros amorosos, jamais sairá de um jardim perfumado e enviará pelo afeto a quem ficou um reforço de esperança que a cada novo dia haverá motivos para sorrir, pois nada nem ninguém pode separar almas que unidas pelo encanto do afeto sentem que estão, estarão juntas em qualquer ponto do espaço, do tempo, do universo.

Não é preciso acreditar nesta união de afetos e sim apenas sentir e viver esta ligação, apesar de hoje quem ficou sente a saudade do afastamento, este sentimento não é de perda, não é de cobrança, não é de sofrimento, mas sim a certeza de quem partiu está e estará sempre ao seu lado, torcendo por seu progresso, clamando por sua evolução e enviando mensagens de alegria, de certezas, de empolgação para o coração de quem ficou. E assim aquele que ficou acordará com sorriso nos lábios e a sensação do abraço perdido e do beijo lembrado, que somente a alma pode exortar com a certeza do sentimento sempre vivo e radiante.

Ninguém perde um amigo, um familiar, um animal de estimação para a morte, pois o estágio da morte é um transporte que todos os seres criados pela força divina precisam trilhar para alcançar a desculpa da saída, mas é apenas uma transição depois de um trabalho contínuo, que somente quem deixou marcas profundas de amor e iluminação nos seus pares, nos seus familiares, nos seus companheiros de estrada, somente estes sentirão o trabalho completo e firmado.

Jamais chore por saudade, mas sim cante, exalte, envie o seu coração em forma de amor de luz, para todos aqueles que partiram na forma da morte, mas que chegaram e estão na forma divina do aprendizado e da magia que envolve a vida, em todos os sentidos sempre na direção do progresso e da união de muitos corações, pois assim o amor reúne em paz, em silêncio, sem preconceitos, sem ilusões, mas com a finalidade maior, transformar almas que sofrem em almas de fonte de luz, de amor, principalmente em almas que entendem que os encontros são acima de tudo retificações e consertos de algo que ainda estava inacabado.

Hoje quem ficou vai agradecer todos os encontros separados pela saudade e vai aplaudir quem partiu e deixou a fonte de luz e amor crescer. E quem partiu com certeza fará o mesmo. Pois sentimentos são trocados e vividos por corações conectados, nem a morte, nem o tempo separam o que o amor construiu e transformou em fonte inesgotável verdadeira como uma pirâmide resistente por séculos.

A dor de uma saudade quando vista por bons olhos se transforma em: "Que bom que eu tenho uma saudade, ela é minha força, a minha vontade, vou transferir este amor a todos que ficaram e estão no meu caminho, assim é e assim será, sem explicação, sem pensar, é a forma de sentir que vai espelhar o que recebi de quem partiu e o que vou dar a quem ficou, sem dúvida vou comemorar pois esta saudade vai acrescentar ao rumo da minha vida e vai clarear todas as minhas dúvidas, pois a minha fonte está crescendo a cada dia e vou agradecer por cada saudade que ainda vou viver, sentir, e compreender".

a grandesa do amor


Nunca, antes de Jesus, o amor alcançara a qualidade de que se reveste, nem fora propagado como recurso de valor inestimável para a vida.

Na legislação de todos os povos, desde a origem da sociedade terrestre, sempre houve a preocupação de estabelecer-se códigos de respeito aos deveres aos senhores, aos líderes de quaisquer expressões sem total submissão aos poderosos.

Severa e destituída de misericórdia, impunham punições compatíveis com a gravidade do delito, e, às vezes, maiores, tornando-se cruéis, como ainda hoje infelizmente sucede em muitas nações atrasadas ou consideradas desenvolvidas, tecnologicamente avançadas...

Quando se sentindo agredido o cidadão, normalmente abandona a roupagem exterior da educação social e age com tão perverso grau de insensibilidade emocional, que repugna a razão, tornando-se verdadeiro déspota nos períodos de guerra ou de quaisquer outros conflitos, nos quais os seus interesses egoísticos se encontrem em jogo.

Os servos, os camponeses, o povo em geral, os sofredores e miseráveis sempre ficaram à margem, relegados ao abandono, longe de qualquer compaixão ou misericórdia dos dominadores.

Utilizados para os serviços mais sórdidos ou encaminhados aos crimes mais hediondos, permaneceram desprezados por séculos sucessivos... e quase até hoje.

Desde Moisés a João, o batista, todos os profetas e condutores do povo, dito eleito por Deus, usavam do respeito pelo seu coetâneo e do ódio em relação àqueles que se poderiam transformar em possíveis adversários em ocasiões imprevisíveis...

Ocasionalmente tratavam bem ao estrangeiro, não lhe permitindo porém uma real integração na sua sociedade fechada e rica de privilégios...

O gentio era sempre mal visto pelos filhos de Deus que, nesse conceito, não é Pai das demais criaturas...

Noutros povos do Oriente, de igual maneira, os sentimentos eram equivalentes, variando entre a justiça parcial e acomodada aos deveres imediatos, quase sempre sem os correspondentes direitos de que todos devem desfrutar....

Gregos e romanos, decantando a própria cultura, na filosofia e na ética, na estética e na moral, na arte e na política, nos jogos e nas guerras, não diferiam muitos dos orientais que, em algumas vezes, se lhes apresentavam na condição de modelos a serem seguidos em razão da sua ancianidade.

Mesmo Sócrates, alcançando o elevado patamar da sapiência, exaltou a liberdade de pensamento e de ação, a moral, os deveres para com a sociedade, para com a pátria, em relação à sobrevivência espiritual, sem maior preocupação com o amor na sua profundidade extraordinária...

Platão e Aristóteles, seu discípulo respeitável, filosofaram com sabedoria, reflexionando com nobreza, mas não se afervorando ao amor capaz de dignificar a vida e libertar o ser humano em torno das suas mais grandiosas necessidades...

Os romanos, por sua vez, fizeram-se os deuses das guerras e seus filósofos sempre exaltavam os seus feitos, embora os estóicos se transformassem em lições vivas de respeito ao sofrimento, com exceção de Sêneca, aos 65 anos, após escrever com beleza incomum obras humanas, admiráveis, suicidando-se vergonhosamente...

As culturas e as civilizações sucederam-se como camadas de areia que se acumularam sob a ação dos ventos das experiências evolutivas, sem que fosse estabelecido o primado do amor, como sendo de essencial significado para a iluminação do ser humano, os seus relacionamentos sociais, equacionando as dificuldades que davam lugar às guerras lamentáveis, orientando para o valioso recurso da solidariedade e da fraternidade, que sempre devem viger entre todos.

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Israel, naqueles dias, respirava ódio, suspeitas fundadas e não justificadas, traição, aparentemente abandonado por Deus, como ocorrera no passado, durante a servidão no Egito e na Babilônia ou nos períodos em que esteve seviciado por outros povos que lhe atravessaram as fronteiras frágeis...

Nesse clima espiritual de ódio e de opressão, nasceu Jesus, e se iniciou com Ele a era do amor, demonstrando que a sua força muda a direção moral do planeta e dos seus habitantes sem a necessidade da agressividade, do crime, da astúcia e da morte...

Erguendo-se na montanha exaltou, como jamais ocorrera antes nem volveria a acontecer outra vez, os pobres e os oprimidos, os fracos e os miseráveis, os perseguidos e os mansos, desde que se resolvessem por abraçar a justiça, o bem, o amor, nas inolvidáveis estrofes da sinfonia das bem-aventuranças.

Nessa ocasião, o amor de Deus alcançou as multidões que se sentiam desprezadas e esquecidas, e Sua voz salmodiou com esperanças e consolações através de Jesus, em favor de todos aqueles que eram tidos como rebotalhos, sendo que alguns deles sequer constavam nas anotações do Livro dos Vivos...

Não se tratava porém de um amor piegas ou exaltado, mas de um sentimento de ternura infinita e de solidariedade incessante, de forma que desaparecesse a distância que os separava dos demais cidadãos respeitáveis, dos eleitos por Deus...

Não se concentrou apenas nessa diretriz, indo mais além, conclamando ao amor pelos inimigos, malfeitores, perseguidores, dando origem a uma visão psicológica especial jamais dantes percebida.

Nesse amor aos ingratos e perversos, aos insanos pela inveja e insensatos, Jesus demonstrou a excelência do sentimento que felicita aquele que o possui, tornando-o realmente feliz, embora sendo a vítima e por isso mesmo.

O inimigo é um enfermo da alma, é alguém perdido em si mesmo, que não se respeita e, por esta razão, se detesta, incapaz de vencer a mesquinhez em que se refugia e a inferioridade moral de que se dá conta, transferindo essa desdita para outrem, aquele que lhe é melhor, que considera acima do seu patamar, comprazendo-se em malsiná-lo, infelicitá-lo, seguindo-o com fúria animal...

Bem compreendido e amado, o inimigo torna-se um benfeitor daquele que lhe padece a insânia.

Primeiro, porque se faz mecanismo de resgate dos erros transatos cometidos contra a vida, que lhe pesam negativamente na economia moral-espiritual. Em segundo lugar, por saber que o adversário vigia-o, segue-o, destila vibrações deletérias na sua direção, que somente assimila se entrar em sintonia com as mesmas, revidando-as com igual sentimento.

Assim vigiado, ouve a catilinária das acusações que lhe são feitas e averigua a sua legitimidade ou não, retificando-se naquilo que mereça correção e não considerando o que seja destituído de fundamento.

Sem afligir-se com a injustiça, alegra-se por poder compreender o estágio em que o inimigo se encontra e as razões porque o persegue.

O amor aos criminosos é de alta magnitude pelo sentido de compaixão de que se faz acompanhar, refrigerando a alma que o preserva.

Teste valioso de autodescobrimento, coroa os esforços íntimos em favor da paz e da felicidade de todos, começando pelo adversário.

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Ninguém antes concedeu ao amor a glória que merece, por ser a alma do Universo no pulsar do pensamento divino, senão Jesus.

Vinculando todos os seres sencientes o amor expande-se na direção de todas as coisas, mesmo as inertes, ensejando alegria de viver e razões para lutar.

Pela sua extraordinária qualidade moral, Jesus viveu-o e fez-se o Amor-não-amado, que nunca cessa de amar.

Tenta, portanto, o amor, em qualquer situação, quando falhem as outras técnicas de comportamento, e nunca mais deixarás que ele esmaeça em tua mente e no teu coração.